Iskizhôfrennia

[Ouvindo "Between Angels and Insects" do Papa Roach,as 17:17 horas do dia 23 de Maio de 2009]

Já reparou como certas coisas são iguais a muitas outras coisas?
Não é necessário ser um desocupado pra "cuidar da vida dos outros".Pois apenas observando mesmo que seja de uma forma bem desprentensiosa,é impossível não notar as "modinhas" de hoje.
E a cada dia surge uma nova:modinhas simples,difíceis,frescurentas,extravagantes,passivas,prejudiciais.É modinha pra todo tipo de raça,cor e credo.E moda pra todo gosto.De uns tempos pra cá notei mais uma:a modinha heróica!A de ser ou de mostrar como é ser ou o que é um herói de verdade.É a modinha da supervalorização da aparência.
Modinha que a sociedade ensina que,para uma pessoa ter sucesso,você precisa ser diretor(a) de uma multinacional,ter carro importado e viajar de primeira classe.E o mundo define que são poucas que deram certo.
Grande loucura!Pois para cada diretor,há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida,a maioria se convence que não valeu a pena,porque não conseguiu ter o carro mais bonito e esportivo do ano,e nem a casa maravilhosa dos sonhos.

Pra mim,é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa,possa se orgulhar da mãe.O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Os heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar os seus projetos de vida,e não para impressionar os outros.
São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.

Precisa citar exemplos?
Pais que,sob condições totalmente adversas criam uma família.Isso é heroísmo.
Pessoas que não escondem suas raízes,como canta o rapper Marcelo D2 em uma música para o jogador Ronaldo:

"Eu nasci no Rio de Janeiro,alô...alô Bento Ribeiro,minha área,eu sou Ronaldo!"E quando não acontece isso,o resultado é um mundo de depressão,doença que acomete mais de 10% da população americana.Em países desenvolvidos,o suicídio por depressão mata mais que o homicídio.

Porque tanta gente se mata?
Supervalorização das aparências,a modinha do heróismo doentio.Que acomete a mulher quando a mesma não ama mais o marido,e mantém o casamento.Ou o homem que passa décadas em um emprego,que não o faz sentir realizado,mas o faz sentir seguro.
Quais são os resultados?
Paranóia e depressão cada vez mais precoce.Já ouviu falar que até crianças atualmente tem depressão?
Também pudera,o pai quer preparar o menino para o futuro e mete o menino em aulas de inglês,informática e mandarím.A criança não chega a adolescência e a depressão começa dar o ar de sua "graça".A única coisa que prepara uma criança para o futuro,é deixá-la ser criança.

E com a idéia estúpida de preparar os filhos para o futuro,os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.Que futuramente serão adultos estúpidos e terão discursos hipócritas.Aliás,a hipocrisia já faz parte do mundo corporativo profissional e acadêmico.

Resumindo tudo,muitos classificariam os requisitos da supervalorização da imagem pra ter uma auto-estima.
Podemos considerar como apenas uma mera alto-estima,e não como a verdareira auto-estima.Se eu preciso que os outros digam que eu sou melhor,minha auto-estima está muito baixa.
Antes o ter,conseguia substituir o ser:
O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conseguir o respeito do garçon.
E hoje,como as pessoas nãoo conseguem ser e nem ter,o objetivo da vida se tornou parecer.
As pessoas parecem que sabem,parece que fazem,parece que acreditam.E são muitos poucos que confessam que não sabem.

Porque a necessidade de ser perfeito em tudo e valorizar a aparência?
Vazio!Essa é a resposta.Tudo vem do vazio que sentimos e a gente continua valorizando os heróis:

"Quem vai salvar o Brasil?Lula!" "Quem vai salvar o time?O técnico!" "Quem vai salvar o meu casamento?O terapeuta!"
O principal problema é que eles não vão resolver nada.

Assim dizia o sábio:"Quando você quiser entender a essência do ser humano,imagine a pessoa mais poderosa da terra tendo uma crise de diarréia em pleno jantar de gala em um dos seus maravilhosos castelos.Até eles tem diarréia".
E não só isso,com certeza eles já tiveram dores de dente,já chorou de tristeza,e já fez coisas que não deram certo.

"A gente tem que parar de procurar ou de querer parecer o herói,pois quando o mesmo não segura a onda,todo mundo o acha um fracassado.

Nós não somos heróis,e nem super-fracassados.Nós erramos,acertamos,temos dias de alegrias e de tristeza.E não há nada de errado nisso.

A sociedade teima e erra em tentar definir o que é certo as suas loucuras:
Instituir que todos têm que ter sucesso,como se eles não tivesse significados individuais.Ter de estar feliz todos os dias.Tem que comprar tudo que puder,o consumismo absurdo.Você tem que fazer as coisas do jeito certo.
Jeito certo não existe,não há um caminho único para fazer as coisas.As metas são interessantes para o sucesso,e não para a felicidade.E a felicidade não é uma meta,é um estado de espírito.

[Ouvindo "Cable Car" do The Fray,as 18:57 horas do dia 23 de Maio de 2009]