Iskizhôfrennia

O desapontamento com o eu é freqüente.Não por algo particular que tenha feito mas por causa de aspectos da pessoa que me tornei.tenho a sensação incômoda de quem nem tudo é como deveria ser.
Muitas vezes o desapontamento corriqueiro é neurótico,nada mais que fruto amargo do meu egocentrismo.

Estou desapontado por ainda amar tão pouco a Deus e tanto ao pecado.Quando criança,sempre tive a idéia de que,via de regra,o adulto é aquilo que quer ser.na verdade,porém,ainda sou,pra minha vergonha,um pecador.Capaz de um ciúme assombroso se alguém tiver um sucesso mais visível que eu.

Decepciona-me essa capacidade de ser pequeno e mesquinho.Não consigo orar por muito tempo sem que a minha mente divague.Perde-se em fantasias envolvendo vingança e raiva ,ou fantasias grandiosas,repletas de conquistas.Persuadindo as pessoas de que sou uma pessoa ocupada,e mesmo assim desperdiço enormes quantidades de tempo com coisas fúteis.

Desapontamentos...desapontamentos.Esses são apenas alguns.Tenho outros,mais obscuros,os quais ainda não estou preparado para confiar aqui.A verdade é que até parece que sou mais sensível a minha condição de homem caído do que acontece de fato.Às vezes,embora tenha consciência de quanto estou longe de acertar,isso nem me incomoda muito.E me desaponto com minha falta de desapontamento.

De onde vem essa sensação?Hoje em dia,uma resposta comum diz tratar-se de falta de auto-estima,a inaptidão para se aceitar.Parte da resposta pode até ser mesmo essa,mas de modo algum isso explica tudo.Uma alternativa mais antiga e sábia afirma que a questão não é o desapontamento,mero reflexo de problema mais profundo-minha incompetência para ser a pessoa que Deus tinha em mente quando me criou.

“É uma coisa muito séria viverem uma sociedade de possíveis deuses e deusas.Pensar que a pessoa mais sem graça e desinteressante com quem conversamos pode um dia se transformar na criatura que,fosse hoje,qualquer um se sentiria bastante tentado a adorar.Ou então em um terror,uma decadência tal como se encontra,se tanto,nos pesadelos.Até certo ponto,passamos o dia inteiro nos ajudando mutuamente a seguir em direção a um desses dois destinos[...]Não existem pessoas “ comuns”.Você nunca discutiu com um simples mortal.Nações,culturas,artes,civilizações-tudo isso é mortal,e a sua vida,um mosquito.Mas é com imortais que brincamos,trabalhamos,nos casamos,a quem desprezamos e exploramos-terrores imortais ou esplendores infinitos”(C.S.Lewis)

“O reino de Deus está próximo.Arrependam-se e creiam nas boas novas”(Mc:1.15)

[...]

Boas novas não tem nada a ver com requisitos mínimos de ingresso para se chegar aos céus após a morte.Têm a ver com a redenção gloriosa da vida humana-sua vida.